O Cd traz a participação de algumas das nossas melhores intérpretes - Valéria Oliveira, Khrystal, Luciane Antunes e Liz Rosa - mais a canja do paraibano Geraldo Azevedo. Em essências, as canções recebem arranjos jazzísticos, sob direção do experiente Joca Costa e amparo de quase orquestra sinfônica. É um trabalho ousado. Não só pela mescla de poesia, música e cinema. É também a união entre o exaurido dilema de unir o universal ao local. O próprio Lívio Oliveira explica a intenção em retratar reminiscências das velhas salas de cinema de Natal. Se cada canção homenageia grandes mestres e divas do cinema, como o espanhol Pedro Almodóvar, Federico Fellini ou Marilyn Monroe, também rende loas aos cineastas potiguares Buca Dantas e Jussara Queiroz, na música Na Sala do Royal Cinema. Nos créditos da contracapa, nomes como Moacy Cirne, Anchieta Fernandes, Willian Cobbett, Valério de Andrade, Djacir Dantas e Edmar Viana (em memória), um dos incentivadores quanto ao patrocínio do projeto, financiado pela Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, em parceria com a Cosern. A homenagem de Babal lembra o tio-avô Zé Perninha, dono do Cinema São Sebastião, na alecrinense Avenida 10, quando assistia a filmes e seriados na cabine de projeção, em clara alusão ao clássico Cinema Paradiso. Na canção homônima ao título do Cd, Cineclube, outras citações de obras cinematográficas históricas na letra (ver ao lado). E mais do que títulos de filmes, a voz das intérpretes convidadas rememora as divas do cinema, em combinação com os arranjos em tons clássicos, mesclados à música flamenca (Chinatown), ou à américa espanhola de Almodóvar.
COMPOSIÇÕES
A feitura do Cd foi lenta e minuciosa. Afinal, como o próprio Babal atesta, não é fácil estabelecer parcerias musicais com poetas. “Há poemas musicáveis e outros não. Escrever poesia é impulsão. Não significa que a métrica das estrofes sirva para a música”. E cita o exemplo da poesia portuguesa de Fernando Pessoa, metrificada e rimada, ou as músicas de Chico Buarque como de fácil encaixe em melodias. “São poesias qualificadas à literatura e à musica”. E a harmonia entre música da letra é claramente perceptível nas composições do Cd Cineclube, elaboradas em processos diferentes de composição. Ora as letras eram enviadas por Lívio ao e-mail de Babal, ora o músico dava um sinal melódico para o poeta encaixar a letra, ora eram construídas juntas. Em comum apenas a idéia de incorporar a temática do cinema nas letras. As participações também foram convidadas sob criteriosa escolha. “Quando comentei do trabalho a Geraldo Azevedo ele sequer procurou saber qual a música e disse: ’Canto o que quiser’”, lembra Babal. A canção que coube a Geraldo - As Mulheres da Cidade - homenageia Fellini, diretor preferido de Lívio Oliveira, e diz: “Quantas vezes Giulietta?/ Quantas vezes só?/ Quantos trens peguei na vida?/ Nessa doce vida.”. Em Sem Destino, também são incluídos os ídolos musicais retratos de uma geração, Janis Joplin e Jim Morrisson. “Quis estampar o espírito dos anos 60”, explica Lívio. O título da canção é também de uma adaptação cinematográfica do épico romance do vencedor do Prêmio Nobel da Literatura, Imre Kértész. Em Chinatown, na primorosa interpretação de Luciane Antunes, a própria sonoridade do título remeteu à atmosfera de Natal, em metalingüística bem apropriada. Na última faixa, Epílogo, homenagem inusitada aos diretores que namoraram atrizes dos seus filmes, como Woody Allen, Bergman e Arnaldo Jabor. (fonte: http://www.vermelho.org.br)
Faixas:
01 - E Deus Criou...
02 - Vamos Pegar Uma Tela
03 - Sem Destino
04 - Perdão
05 - Cineclube
06 - Todas as Trilhas
07 - As Mulheres da Cidade
08 - Quanto Mais QUente, Melhor
09 - Ruas e Luzes
10 - Na Sala do Royal Cinema
11 - Chinatown
12 - Quem Há de Acreditar
13 - Cena Final
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