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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Antônio Ronaldo - Sátiro (2009)

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Com o CD Sátiro, Antonio Ronaldo alça sua meta de compositor com necessidade de mostrar, ao menos parcialmente, as canções que tem produzido e acumulado ao longo de mais de três décadas, em solo potiguar. O desafio de interpretar suas próprias canções surge quando se torna cada vez menos efetiva a inclusão desse trabalho nos discos dos interpretes mais cortejados de Natal, pois os potenciais candidatos a essa tarefa têm optado por repertórios autorais nos últimos anos.O novo trabalho do compositor e poeta mossoroense que um dia já foi Nietszche quando estudo filosofia será lançado hoje no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (anexo à Fundação José Augusto, em Tirol) com um show gratuito do autor, a partir das 19h. Ainda com as presenças de Cida Lobo, Manasses Campos e Geraldo Carvalho, partícipes em faixas do CD, comercializado no local ao preço de R$ 10.

Em tempos difíceis como os atuais, onde se conjugam instabilidades e incertezas quanto a espaços dedivulgação para a música potiguar, a edição de um disco com essas características não surpreende, sobretudo porque o compositor necessita apresentar - da melhor maneira possível - suas canções até mesmo para persuadir os costumeiros intérpretes, mostrando-lhes que existe uma produção efetivamente disponível para registro e divulgação. Tais ressalvas, contudo, soam redundantes num país onde é tradição o compositor gravar suas próprias músicas, sem que lhe seja cobrado nível de excelência no desempenho vocal. Isso acontece como se cumprindo um rito natural.Segundo o compositor, a escolha do repertório levou em conta principalmente equilíbrio entre o número de canções feitas em parceira e as individualmente compostas. O placar é seis a seis. Prevalecem, contudo, parcerias formadas com poetas e letristas, tais como: João Batista de Morais Neto (João da Rua), Jota Medeiros, Jarbas Martins, Iracema Macedo, Carlos Magno Fernandes e Paulo Procópio. O único parceiro músico nessa comitiva de ilustres é Manassés Campos. Este musicou um poema de Antonio Ronaldo intitulado Tributo a Nietszche de Almeida. As canções são de diferentes idades, compostas desde a década de setenta até a atual.

Para Antonio Ronaldo, trata-se de um disco tradicional de MPB, focado na sobrevivência da canção. Nem de longe tem o propósito de inovar as formas, os meios nem as técnicas de manifestações dessa ordem. A conexão com o universo da palavra escrita é intencional, como forma de atrair o nicho particular da canção popular para o mesmo fogo. Até aí, nada que não reforce a tradição da nossa MPB. Apenas uma confirmação desse vínculo, já que o artista em foco milita insistentemente nessa área de intersecção. Passeia por ritmos também já consagrados nesse universo de expressão: samba e xote, marcha e frevo, blues e reggae, salsa e balada.A música de Antonio Ronaldo é instigante não porque é inovadora em sua forma, mas porque perscruta o inusitado. Tem vitalidade, sobretudo, porque é eclética, audaciosa, insurreta. É sinuosa, maliciosa, provocante.Tem o poder de desmoronar os castelos de certezas, com tanto ceticismo e, paradoxalmente, eleva e salva a condição humana num chamamento irresistível à esbórnia. É um eterno retorno ao ideal iluminista, com o recurso da ludicidade. Fala sério, não dá pra crer nesse mundo repleto de predadores tão inocentes e bem intencionados. Urge que a canção sobreviva para evitar o achatamento de nossas ideias.
(Fonte: Blog Cultura do RN)

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